Série "Sede santos" - Sermão: A santificação em ação (Isaías 6.8-13)
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Introdução
Introdução
Irmãos, temos visto um número crescente de pessoas manifestando-se nas redes sociais, em vídeos, entrevistas e nos mais diversos tipos de canais comunicativos, acerca da sua profissão de fé cristã. Muitas delas, manifestam seu vasto conhecimento teológico; outras manifestam sua aparente elevada piedade; outras ainda professam sua fé com tanto vigor e emoção, que torna-se muito difícil alguém duvidar da genuinidade e qualidade de sua fé. Entretanto, basta o simples sopro da abordagem de alguma pauta confrontadora aos pecados sociais, logo, então, o pomposo castelo de cartas das profissão de fé dessas pessoas se desaba por completo.
Logo abaixo do muro onde essas pessoas se assentam, encontram-se aquelas que olham para a mensagem do evangelho e a tomam por loucura, de modo que, dominados pelas trevas desse mundo, ofuscados pela luz da proclamação do evangelho, tentam calar os emissários do Rei dos reis.
A pergunta que podemos fazer com relação a esse fato problemático é: o que a santidade infinita de Deus e o processo de santificação do Seu povo, tema de nossa série de sermões, têm a ver com isso? O sermão desta noite ira responder isso. Talvez não seja um sermão tão palatável quanto os dois anteriores, assim como foi difícil para Isaías e seus ouvintes ouvirem a mensagem do nosso texto. Se o primeiro sermão tratou acerca de apresentar Aquele que é três vezes Santo e se o segundo de apresentar aquele que é carente de santidade, nosso sermão de hoje, últimos desta série tratará acerca da santidade em ação, tanto na vida daquele que é santificado, quanto na vida daqueles que não são.
Contexto imediato
Contexto imediato
Em nosso primeiro sermão, vimos que o profeta Isaías, no momento que seria conhecido como início de seu ministério profético, em um momento de total instabilidade nacional devido à morte do rei Uzias, se coloca no Templo e é levado diante do trono do universo, onde contempla a manifestação e revelação da real condição nacional: o grande e promissor rei de Judá havia morrido, mas o verdadeiro Rei, o Rei dos Reis, o Rei de todo o universo continuava soberanamente assentado em seu alto e sublime trono. O verdadeiro Rei, Aquele que entregara as promessas a Abraão, que libertara o povo de Israel da maior instabilidade que haviam vivido até então (da escravidão e opressão no Egito) e os guiara até o atual reinado, continuava reinando com Forte Mão não só sobre Israel, mas sobre todos os povos, inclusive sobre os povos que seu povo tanto temia.
Em Sua majestade, santidade e soberania, o verdadeiro Rei encontra-se cercado por servos celestiais que proclamam uns aos outros que Ele é Santo, Santo, Santo, ou seja, que Ele é o único que é a própria definição de Santidade total, sendo a própria fonte única de santidade no universo; Ele é totalmente Único; não há ninguém igual a Ele; Ele é totalmente distinto de Sua criação, Ele é totalmente Outro! Esses servos que, vivem diante da face do Rei, refletem a santidade dEle sob a forma de sua aparência abrasadora, sendo que isso se dá através de uma vida constante de temor, consagração e serviço ao Rei Santo.
Depois de vermos a santidade do reino celeste, fomos levados, em nosso segundo sermão, a contemplar a realidade da condição humana através da vida do profeta e do povo. Vimos que o povo de Deus, aqueles que deveriam ser o reino de sacerdotes e nação santa de Deus, que deveriam refletir a santidade do verdadeiro Rei Eterno, estava refletindo a santidade do rei humano, da mesma forma como muito tempo antes quiseram, deliberadamente, refletir a ilusão da glória dos reinos humanos ao pedirem um rei para si, rejeitando ao verdadeiro Rei dos Reis. Depois de uma série de acusações e condenações proferidas em direção a esse reino de pecadores e essa nação impura, quando é levado para a presença de Deus, o profeta se quebranta e total temor, porque sabe que diante da santidade do Rei, ele é tão carente de santidade quanto todo o povo de Judá.
Ele reconhece que existe um abismo que separa a Santidade Eterna de Deus e sua condição pecaminosa, de modo que ele é tão merecedor de juízo quanto todos os que são associados aos “ais” do capítulo 5. Mas algo maravilhoso acontece: graciosamente, o Rei preenche esse abismo que separava o profeta da presença divina! Como Ele faz isso? Ele ordena que um de seus servos celestes leve uma brasa em chamas tirada do altar do holocausto e consuma totalmente a iniquidade do profeta e expie os seu pecado. Isaías não havia prestado nenhum sacrifício, mas o Próprio Deus providenciara o sacrifício santo (uma brasa em chamas tirada do altar do holocausto) que poderia levá-lo a achegar-se confiadamente ao trono de Sua graça.
Divisão do texto
Divisão do texto
Isaías 6.8 - A revelação do chamado distintivo
Isaías 6.9-10 - A santificação depende totalmente de Deus
Isaías 6.11-12 - A obediência distintiva
Isaías 6.13 - A esperança distintiva
A revelação do chamado distintivo (Is 6.8)
A revelação do chamado distintivo (Is 6.8)
Isaías 6.8 (ARA)
Depois disto, ouvi a voz do Senhor, que dizia: A quem enviarei, e quem há de ir por nós? Disse eu: eis-me aqui, envia-me a mim.
No decorrer do capítulo 6, vislumbramos a transformação de Isaías à semelhança dos servos celestes do Rei: ele primeiramente vê a Deus, teme estar diante da Santidade Eterna dEle e não ser digno disso, depois ele é consagrado através da purificação de seus pecados e agora chegou a hora do serviço. Uma vida de santidade genuína, diante da face de Deus, é uma vida de constante temor, consagração e serviço. Agora, depois de se quebrantar e ser, graciosamente, purificado, o profeta está pronto para ouvir a voz de Deus o chamando ao serviço do Rei! Não será um serviço fácil, mas agora ele está pronto para isso!
Isaías, então, ouve a voz de Deus manifestando duas perguntas intrigantes: “a quem enviarei?” e “quem há de ir por nós?”. Pelo menos dois motivos tornam essas perguntas intrigantes:
Quando olhamos para elas rapidamente, talvez tenhamos a errada iniciativa de que Deus está em dúvida. Aqueles enganados pela teologia liberal podem, até mesmo, imaginar que Deus está apresentando algum grau de desespero, como se não houvesse ninguém para executar o serviço que será proposto. Mas, com absoluta certeza, não trata-se disso, afinal, o próprio texto nos declara que diante dEle encontram-se os mais diligente servos celestiais. O termo “há de ir”, usado na segunda pergunta, nos ajuda a entender o sentido aqui manifestado. Em outros textos, vemos que essa expressão tem o sentido de algo que está pré definido, como podemos ver nos textos a seguir:
Ezequiel 1.12 (ARA)
Cada qual andava para a sua frente; para onde o espírito havia de ir, iam; não se viravam quando iam.
Neemias 9.19 (ARA)
Todavia, tu, pela multidão das tuas misericórdias, não os deixaste no deserto. A coluna de nuvem nunca se apartou deles de dia, para os guiar pelo caminho, nem a coluna de fogo de noite, para lhes alumiar o caminho por onde haviam de ir.
Quando lemos esses dois textos, dentre outros, podemos fica claro que não se trata de dúvida, nem mesmo algum grau de desespero, mas Deus está se referindo a alguém pré definido para a missão proposta. Deus sabe que trata-se do profeta, de modo tudo que acontecera até então, providenciado pelo próprio Deus, está culminando neste ponto, como se o Rei Santo estivesse anunciando: “Que se apresente aquele que foi separado para a missão que eu darei!”. Deus, possui todos os servos a seu dispor, mas o servo para essa missão já havia sido separado por Ele; entretanto, Ele requer que o profeta voluntariamente se apresente, como quem diz: “Filho, antes de ver a mim, você era igual ao restante do povo, vivia como o mundo e em nada se diferenciava. Você era tão impuro quanto o povo no meio do qual habitava. Mas, graciosamente eu tirei a tua iniquidade, a tua culpa e perdoei, expiei o teu pecado, de modo que Eu te separei para mim, eu te santifiquei para mim, para servir a mim como os servos celestiais que você contemplou servem! Agora, apresente-se para o serviço!”.
O segundo motivo que torna essas perguntas intrigantes, é a forma como Deus se identifica nelas. Na primeira dela observamos o Rei perguntando e, na segunda, Ele se identifica no plural. Alguns comentaristas entendem que aqui trata-se de um diálogo entre Deus e seus servos celestiais; outros, entendem que o plural referente ao Rei é uma identificação da majestade divina; outros, por fim, entendem que trata-se de um diálogo entre a própria Trindade. Dentre as três interpretações, o Novo Testamento parece nos trazer a devida luz para compreendê-la: em nosso primeiro sermão, vimos que o apóstolo João, em seu evangelho (Jo 12.41), declarou que Isaías viu a glória de Deus Pai através da Pessoa de Cristo; agora, refente ao nosso sermão de hoje, o texto de Atos 28.25-27 nos revela que a missão dada a Isaías foi feita através do Próprio Espírito Santo:
Atos dos Apóstolos 28.25–27 (ARA)
E, havendo discordância entre eles, despediram-se, dizendo Paulo estas palavras: Bem falou o Espírito Santo a vossos pais, por intermédio do profeta Isaías, quando disse:
Vai a este povo e dize-lhe: De ouvido, ouvireis e não entendereis; vendo, vereis e não percebereis.
Porquanto o coração deste povo se tornou endurecido; com os ouvidos ouviram tardiamente e fecharam os olhos, para que jamais vejam com os olhos, nem ouçam com os ouvidos, para que não entendam com o coração, e se convertam, e por mim sejam curados.
Isaías teve a revelação da Própria Trindade Divina! Ele viu a Glória de Deus Pai através da pessoa de Cristo, de modo a se quebrantar totalmente; foi purificado por Deus através daquilo que apontava para o sacrifício santo do Servo sofredor que foi moído pelas iniquidades do povo; e, agora, estava sendo separado pelo próprio Espírito Santo de Deus para servir diligentemente ao Rei dos Reis.
O interessante, é que Deus convoca, mas antes que Deus declare a missão, Isaías se apresenta diligentemente. Ele ainda não conhece a missão, nem a mensagem, mas se apresenta em total prontidão! Ele sabe que foi separado, santificado para atender ao chamado que o distinguiria daqueles que seriam seus ouvintes. Ele viu a Santidade e Glória de Deus, ouviu o louvor racional dos serafins que declaravam a Santidade tripla de Deus, foi purificado por Deus, de modo que ouviu a voz divina e agora manifesta o total entendimento de coração de sua separação total para ser não mais dos que possuem lábios impuros, mas daqueles que compõem o reino de sacerdotes e a nação santa de Deus.
A santificação depende totalmente de Deus (Is 6.9-10)
A santificação depende totalmente de Deus (Is 6.9-10)
Isaías 6.9 (ARA)
Então, disse ele: Vai e dize a este povo: Ouvi, ouvi e não entendais; vede, vede, mas não percebais.
Agora os Espírito Santo de Deus entra em ação direcionando ao profeta a sua missão. Não trata-se de uma missão fácil ou que trará efeitos prazerosos ao profeta, mas foi para ela que ele foi separado e para ela que ele, diligentemente, se apresentara: sua missão seria endurecer o coração deste povo! O Espírito Santo de Deus declara que o profeta deve fechar-lhes os olhos e endurecer-lhes os ouvidos, para que nhão viessem a entender com o coração, se converterem e serem salvos.
Isso é interessante, porque a missão de Deus para o profeta é exatamente o oposto do que fora aplicado a ele: o profeta teve seus olhos abertos para a manifestação da santidade e glória divina, ele ouviu claramente a pregação dos servos celestiais acerca da santidade e glória do Rei dos Reis, teve seu coração quebrantado e direcionado ao serviço do Rei. Ele viu e percebeu a Santidade divina e a sua natural separação dEle; ele ouviu acerca dAquele que é Santo, Santo, Santo e entendeu a sua condição de total impureza frente à infinita santidade do Rei; então ele foi convertido, separado, santificado para servir ao Rei refletindo a Sua santidade e glória diante dos homens. Entretanto, a missão dada a Isaías era exatamente proclamar a mensagem do Espírito Santo para que o mesmo não ocorresse com os seus ouvintes. Porque Deus está fazendo isso? Porque somente Deus escolhe a quem quebrantará os corações, de modo que a mesma revelação é quebrantamento para uns e condenação para outros:
Em Isaías 6.5, o profeta, na presença de Deus, se quebranta e demonstra arrependimento genuíno:
Isaías 6.5 (ARA)
Então, disse eu: ai de mim! Estou perdido! Porque sou homem de lábios impuros, habito no meio de um povo de impuros lábios, e os meus olhos viram o Rei, o Senhor dos Exércitos!
Enquanto em Apocalipse 6.15-17, os ímpios, na presença de Deus, sentem medo, mas não demonstram nenhuma tentativa sem sentido (por se tratar do Grande Dia do Senhor) de arrependimento e tentam fugir da presença Santa de Deus:
Apocalipse 6.15–17 (ARA)
Os reis da terra, os grandes, os comandantes, os ricos, os poderosos e todo escravo e todo livre se esconderam nas cavernas e nos penhascos dos montes e disseram aos montes e aos rochedos: Caí sobre nós e escondei-nos da face daquele que se assenta no trono e da ira do Cordeiro, porque chegou o grande Dia da ira deles; e quem é que pode suster-se?
Os termos utilizados aqui para “ouvir” e “ver” estão associados, respectivamente, a “entender” e reconhecer (“percebais”). A repetição desses termos na mensagem do Espírito Santo ao profeta deixa claro que eles poderiam ouvir e ver repetidas vezes as manifestações santas e glroiosas de Deus que não entenderiam, nem reconheceriam a Deus em Sua infinita Santidade e Glória, de modo que não poderiam reconhecer suaquebrantar-se de coração e serem distintos do mundo impuro.
Isaías 6.10 (ARA)
Torna insensível o coração deste povo, endurece-lhe os ouvidos e fecha-lhe os olhos, para que não venha ele a ver com os olhos, a ouvir com os ouvidos e a entender com o coração, e se converta, e seja salvo.
O Espírito Santo, então, continua sua missão ao profeta identificando a origem para a falta de entendimento e reconhecimento de quem verdadeiramente é Deus e quem verdadeiramente é o homem. Ele começa o caminho da natureza do endurecimento do povo, do interior para o exterior, e depois o caminho dos efeitos, do exterior para o interior: a mensagem proclamada do profeta tornará insensível o coração dos seus ouvintes; o coração insensível (hasmen ou gordo, soberbo, altivo, esquece-se de Deus), endurece os ouvidos (os torna hakbed ou “honrados”, pesados demais) e cega os olhos, de modo que não reconhecem o Rei Santo, não ouvem atentamente sua mensagem e sua voz, de modo que não respondem com mudança de coração, em conversão de caminho e consecutiva salvação. A impressão que temos ao ler esse texto é que já vimos isso no passado do povo de Israel: Deus demonstrando suas soberania, através de prodígios e maravilhas, levantando alguém como seu mensageiro e, ao invés de receber quebrantamento de coração, o resultado foi um constante endurecimento; vejamos:
Êxodo 7.3–4 (ARA)
Eu, porém, endurecerei o coração de Faraó e multiplicarei na terra do Egito os meus sinais e as minhas maravilhas. Faraó não vos ouvirá; e eu porei a mão sobre o Egito e farei sair as minhas hostes, o meu povo, os filhos de Israel, da terra do Egito, com grandes manifestações de julgamento.
Êxodo 7.13 (ARA)
Todavia, o coração de Faraó se endureceu, e não os ouviu, como o Senhor tinha dito.
O povo de Deus havia sido libertado muitos anos antes do domínio do Egito (representação do mundo ímpio da época). O Faraó teve seu coração endurecido por Deus, de modo que ele viu todas as maravilhas realizadas por Deus, ouviu a mensagem proclamada por Moisés, mas não entendeu com o coração, de modo que não se converteu e não foi salvo. Agora, o povo de Deus havia abandonado a santidade e abraçado o mundo e todas as suas concupiscências, de modo que o povo que havia sido separado do Egito para ser um reino de sacerdotes e uma nação santa se tornara como o próprio Egito, na pessoa do Faraó.
Mas não só no passado de Israel vimos isso; também somos levados a outro texto que reflete o mesmo problema e nos mostra a causa raiz, à luz da responsabilidade humana, que gera o endurecimento de coração do homem frente à presença Santa e Gloriosa de Deus. O texto de João 12.37-43, onde o apóstolo nos declara ser o cumprimento da profecia de Isaías, nos ajuda a compreender isso:
João 12.37–43 (ARA)
E, embora tivesse feito tantos sinais na sua presença, não creram nele, para se cumprir a palavra do profeta Isaías, que diz:
Senhor, quem creu em nossa pregação? E a quem foi revelado o braço do Senhor?
Por isso, não podiam crer, porque Isaías disse ainda:
Cegou-lhes os olhos e endureceu-lhes o coração, para que não vejam com os olhos, nem entendam com o coração, e se convertam, e sejam por mim curados.
Isto disse Isaías porque viu a glória dele e falou a seu respeito. Contudo, muitos dentre as próprias autoridades creram nele, mas, por causa dos fariseus, não o confessavam, para não serem expulsos da sinagoga; porque amaram mais a glória dos homens do que a glória de Deus.
Da mesma forma que o faraó do Egito, muitos judeus futuramente, em sua soberba e altivez, em seu amor às honras terrenas, amando mais este mundo, viram todos os milagres do ministério público de Cristo, ouviram o evangelho, mas não entenderam com o coração e não creram, porque tiveram seus corações endurecidos por Deus, de modo que não se converteram e não foram salvos. Eles viram o Rei, mesmo que “desfigurado” com dito em Is 52.13-15
Isaías 52.13–15 (ARA)
Eis que o meu Servo procederá com prudência; será exaltado e elevado e será mui sublime. Como pasmaram muitos à vista dele (pois o seu aspecto estava mui desfigurado, mais do que o de outro qualquer, e a sua aparência, mais do que a dos outros filhos dos homens), assim causará admiração às nações, e os reis fecharão a sua boca por causa dele; porque aquilo que não lhes foi anunciado verão, e aquilo que não ouviram entenderão.
Mas deixando guiar-se pelos olhos terrenos de sua carne, não reconheceram a luz que ilumina o mundo com sua glória (Jo 1.10-11). Não somente estes, mas outros viram as maravilhas e prodígios de Cristo, bem como Sua mensagem, mas não entenderam com o coração, de modo que se submetiam ao mundo por amarem mais a glória dos homens do que a glória de Deus manifesta em Cristo. Aqui entendemos a resposta para a pergunta feita na introdução deste sermão: uma vida de santidade diante da face de Deus, requer que amemos mais a glória de Deus na Pessoa de Cristo do que a glória dos homens. Requer parar de priorizar as coisas terrenas e olhar e viver pelas coisas do alto. Requer que o Espírito Santo de Deus prevaleça em nossas vidas em detrimento de nossa carne. É olhar para Ele e reconhecer quem Ele é, quem nós somos e respondermos em sinceridade de coração. No próprio contexto de João 12, Jesus nos declara isso:
João 12.25 (ARA)
Quem ama a sua vida perde-a; mas aquele que odeia a sua vida neste mundo preservá-la-á para a vida eterna.
Em nosso texto, assim como nos demais que lemos, o povo de Deus estava vendo as maravilhas de Deus e ouvindo sua mensagem, mas estavam amando mais a glória do mundo do que a glória de Deus. Eles estavam amando mais as suas vidas nos prazeres do pecado e esquecendo que logo iriam perdê-la frente ao fogo consumidor da Santidade justa de Deus.
Quando olhamos para as escrituras, vemos grandes exemplos de homens que foram santificados, separados por Deus para refletirem a sua glória, o seu caráter e não o caráter do mundo: no Antigo Testamento, vemos o exemplo de Moisés, que, tendo visto a glória de Deus através do Anjo do Senhor, amou mais a glória de Deus do que a glória dos homens, mortificando a sua carne para viver pelo Espírito Santo:
Hebreus 11.24–27 (ARA)
Pela fé, Moisés, quando já homem feito, recusou ser chamado filho da filha de Faraó, preferindo ser maltratado junto com o povo de Deus a usufruir prazeres transitórios do pecado; porquanto considerou o opróbrio de Cristo por maiores riquezas do que os tesouros do Egito, porque contemplava o galardão. Pela fé, ele abandonou o Egito, não ficando amedrontado com a cólera do rei; antes, permaneceu firme como quem vê aquele que é invisível.
Do mesmo modo, no Novo Testamento, vemos o exemplo maravilhoso de Estevão, que contemplando a glória de Deus, não considerou retroceder na proclamação do Evangelho para salvar sua vida, antes, cheio do Espírito Santo de Deus continuou confiante a pregar a verdade e contemplou assentado no trono do universo aquele cujo caráter estava refletindo, até mesmo ao orar pelos seus assassinos:
Atos dos Apóstolos 7.54–60 (ARA)
Ouvindo eles isto, enfureciam-se no seu coração e rilhavam os dentes contra ele. Mas Estêvão, cheio do Espírito Santo, fitou os olhos no céu e viu a glória de Deus e Jesus, que estava à sua direita, e disse: Eis que vejo os céus abertos e o Filho do Homem, em pé à destra de Deus. Eles, porém, clamando em alta voz, taparam os ouvidos e, unânimes, arremeteram contra ele. E, lançando-o fora da cidade, o apedrejaram. As testemunhas deixaram suas vestes aos pés de um jovem chamado Saulo. E apedrejavam Estêvão, que invocava e dizia: Senhor Jesus, recebe o meu espírito! Então, ajoelhando-se, clamou em alta voz: Senhor, não lhes imputes este pecado! Com estas palavras, adormeceu.
Não só eles, mas o próprio profeta Isaías que após vislumbrar o trono da graça de Deus, não olhou para as dificuldades e para as consequências da pregação de sua mensagem, mas obedeceu diligentemente à voz do Espírito Santo, como vemos no próximo versículo.
A obediência distintiva (Is 6.11-12)
A obediência distintiva (Is 6.11-12)
Isaías 6.11–12 (ARA)
Então, disse eu: até quando, Senhor? Ele respondeu: Até que sejam desoladas as cidades e fiquem sem habitantes, as casas fiquem sem moradores, e a terra seja de todo assolada, e o Senhor afaste dela os homens, e no meio da terra seja grande o desamparo.
A pergunta que o profeta inicia o versículo aqui não trata-se de um questionamento arrependido, ou preocupado, ou de indignação, ou mesmo a apresentação de uma reclamação. Não trata-se de um questionamento como alguém que aceita uma missão e depois de ouvir o detalhamento dela, percebe que trata-se de algo difícil, algo com consequências dolorosas e demonstra medo ou arrependimento. Pelo contrário, trata-se de uma pergunta de caráter informativo e cheia de sensibilidade, como alguém que pergunta até quando sua missão deverá ser executada, quando ele saberá que está concluída; mas ainda assim, o profeta não perde a sensibilidade para com a situação de condenação do povo.
A resposta de Deus talvez tenha intensificado ainda mais o peso da missão que recebera. Não só o profeta deveria ser instrumento para o endurecimento do coração de muitos, como sua missão se daria por concluída quando toda a nação estivesse assolada pela destruição. Quão provável seria o retorcesso para muitos nesse momento irmãos, como alguém que diz “Eis me aqui, envia-me a mim Senhor, mas veja bem, isso pode manchar a minha imagem, então que tal tornar essa mensagem um pouco mais suave?”. Não é isso que o profeta faz, ele não é dos que retrocedem, ele continua com a mesma firmeza que manifestara antes de saber sua missão e a conclusão dela.
Essa destruição não será qualquer destruição. Aqui Deus não declara o nome de nenhuma nação que será usada como instrumento de sua ira três vezes santa, mesmo que seja isso que irá acontecer. Ao invés disso, Ele declara, no versículo Is 6.12 que Ele mesmo é quem trará essa destruição devastadora, a nação usada como instrumento está em segundo plano aqui. O próprio Deus trará condenação para aqueles que profanam a manifestação de Sua santidade.
Trata-se de um chamado muito difícil. Olhar para toda essa destruição e ser instrumento para o endurecimento do coração do povo. Mas o profeta demonstra o fruto de santidade quando atende ao chamado, por mais difícil, humilhante, desgastante e aterrorizante que possa parecer. Não só isso irmãos, mas à semelhança de Moisés e Estevão, o profeta Isaías teria, segundo a tradição judaica (Talmude babilônico), teria morrido serrado ao meio em meio à perseguição realizada pelo rei Manassés de Judá, como fruto de sua pregação confrontadora em direção a esse rei ímpio, que certamente teve seu coração endurecido pela mensagem pregada.
Somente a revelação de Deus, na pessoa de Cristo, pode trazer significado, esperança e salvação à vida humana. Desse modo, nenhum sofrimento é capaz de retroceder em obediência a esse Deus, mesmo uma pregação tão sofredora quanto a de Isaías. Depois da revelação de Cristo, nenhuma riqueza é comparável com a santidade que nos é proposta.
A esperança distintiva (Is 6.13)
A esperança distintiva (Is 6.13)
Isaías 6.13 (ARA)
Mas, se ainda ficar a décima parte dela, tornará a ser destruída. Como terebinto e como carvalho, dos quais, depois de derribados, ainda fica o toco, assim a santa semente é o seu toco.
O último versículo da vocação singular do profeta Isaías é marcado pela esperança comum à maioria dos profetas. Em geral, os profetas eram levantados para proclamar a palavra de Deus, geralmente de juízo, mas marcado pela esperança de algo muito maior. Deus, ao escolher o seu povo, fez uma promessa baseada em uma aliança firmada com Abraão: através dele, todas as nações da terra seriam abençoadas. Não somente isso, mas muito tempo antes, logo após a queda, Deus prometeu que o descendente da mulher viria e pisaria a cabça da serpente (Gn 3.15) e ela feriria o seu calcanhar.
Essas promessas continuam sendo consieradas aqui. Apesar de toda a destruição, apesar de a nação ser destruída ao ponto de ser comparada com uma florestas de árvores cortadas, mas Deus preserva o seu remanescente, a santa semente, aqueles que perseverarem como santos do Senhor, aqueles separados para refletirem o caráter dEle nesse mundo, sendo sal e luz para as nações.
Isaías 4.3 (ARA)
Será que os restantes de Sião e os que ficarem em Jerusalém serão chamados santos; todos os que estão inscritos em Jerusalém, para a vida,
Conclusão da série e aplicações
Conclusão da série e aplicações
Irmãos, hoje nós concluímos uma série de sermãos que tiveram por objetivo principal um chamado à santidade; um chamado quase emergencial em tempos onde a doutrina da santidade é esquecida, onde o mundanismo invade as igrejas e onde o serviço diligente da proclamação do evangelho verdadeiro é trocado pela obtenção da glória dos homens.
Precisamos entender irmãos que fomos chamados a sermos santos neste mundo:
Primeiro, precisamos ser santos porque o nosso Deus Triúno, o nosso Rei é Santo, Santo, Santo e nós como seus servos devemos refletir a sua santidade;
Segundo, precisamos ser santos porque somos carentes de santidade; sem a ação graciosa do nosso Rei, somos homens e mulheres de lábios impuros e que habitam no meio de um povo de impuros lábios, nos encontramos em total separação de Deus. Mas pela ação graciosa de Deus ele nos separa e purifica para sermos os santos servos que refletem o seu caráter nesse mundo;
Terceiro, precisamos ser santos, cheios do Espírito Santo de Deus, para nos apresentarmos confiantes e diligente no serviço da proclamação genuína do evangelho de Cristo.
Em nosso texto, o profeta declara uma série de sete “entãos” (presentes no original) relacionados mudanças de perspectivas, sejam de cenários ou de falas, que podem se resumir da seguinte forma:
Os meus olhos estavam nas coisas terrenas, olhando para a provável instabilidade vindoura...
Então, eu vi a santidade de Deus que se revelou a mim e como os servos celestiais que vivem diante de sua face a refletem;
Então, eu vi a minha condição de total separação dEle e de Sua infinita santidade;
Então, me quebrantei totalmente diante da presença dEle;
Então, fui graciosamente purificado por Ele;
Então, ouvi a voz dEle que me chamava;
Então, me apresentei para o serviço para o qual fui separado, santificado, por mais difícil que fosse;
Então, eu não retorcedi, mas obedeci em total diligência e gratidão, lutando o combate que me fora proposto.
Em suma, podemos temos aqui o resumo que o apóstolo Paulo declara à igreja de Colossos:
Colossenses 3.1–4 (ARA)
Portanto, se fostes ressuscitados juntamente com Cristo, buscai as coisas lá do alto, onde Cristo vive, assentado à direita de Deus. Pensai nas coisas lá do alto, não nas que são aqui da terra; porque morrestes, e a vossa vida está oculta juntamente com Cristo, em Deus. Quando Cristo, que é a nossa vida, se manifestar, então, vós também sereis manifestados com ele, em glória.
Ser santo é ser distinto nesse mundo, é refletir o caráter de Cristo enquanto o mundo reflete o seu próprio caráter. É olhar para as glórias desse mundo e vê-las como refugo diante da Glória de Deus que é manifesta aos seus santos. É olhar para a aparente simplicidade e pobreza do evangelho e reconhecer a mais excelsa dentre as riquezas. Se trata de olhar para as circunstâncias terrenas contemplando a realidade soberana do alto. É não agir como o jovem rico; é agir como os apóstolos, agir como Paulo, Estevão e tantos outros. É seguir os passos do nosso Senhor.
Por isso, busquemos e pensemos constantemente nas coisas do alto, onde Cristo está entronizado, fazendo morrer qualquer natureza terrena e fazendo resplandecer a santidade de Cristo revestindo-nos do novo homem à semelhança dEle, até que Ele seja manifesto em glória diante de todos os homens e nós sejamos manifestos junto a Ele, manifestando a plenitude da santidade que começamos a exercer hoje quando nossos rostos começam a resplandecer aqui como luz para o mundo.